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sexta-feira, 30 de maio de 2014
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Escola Estadual Isabel Gondim, continue valente!
Por *Cláudia Santa Rosa
A semana passada, neste mesmo espaço, escrevi sobre o fechamento de dede do Norte. Defendi que permaneçam abertas e que sejam transformadas em escolas de tempo integral, até por uma questão de bom senso e pela oportunidade de ampliação da jornada letiva, uma das mais curtas do mundo.
A semana passada, neste mesmo espaço, escrevi sobre o fechamento de dede do Norte. Defendi que permaneçam abertas e que sejam transformadas em escolas de tempo integral, até por uma questão de bom senso e pela oportunidade de ampliação da jornada letiva, uma das mais curtas do mundo.
Naquele textinho, tomei por exemplo o caso da histórica Escola Estadual Isabel Gondim, localizada no bairro das Rocas, em Natal, que já havia sido comunicado, oficialmente, de que seria fechada. Conhecedora do movimento de resistência que já se formava no bairro, esperancei, como nos ensinou Paulo Freire. A força do coletivo poderia fazer a diferença. E fez! A Escola continua aberta, depois de uma audiência tensa, na segunda-feira, com a Secretária de Educação.
A Isabel Gondim levou à audiência um punhado de gente que chegou a lotar um ônibus. Alguns parlamentares se juntaram ao movimento. Levou artigos de apoio e, o principal: apresentou propostas para revitalizar a Escola. Mostrou força, organização e união. O Governo do Estado não teve como não acatar a vontade do coletivo. Um novo tempo por vir, uma nova equipe gestora e, certamente, uma porção de lições para todos.
Agora escrevo à Escola Estadual Isabel Gondim para fazer um pedido: continue valente, agigante-se diante dos desafios e se não conseguir verticalizar, seja, no mínimo, linear na tarefa de cumprir a função social de educar e instruir crianças e jovens, de forma decente.
Para além desse pedido, escrevo para compartilhar alguns dos aprendizados com o meu trabalho de doutoramento em educação que julgo poderão ser pertinentes à equipe da Isabel Gondim. Há seis anos defendi a seguinte tese: “a curto e médio prazo, a qualidade da escola pública não é tributária de políticas educacionais macros, tampouco de massificados e efêmeros programas, projetos ou política de governo, mas sim da decisão dos profissionais que nela trabalham de tornarem-se autores (as) e protagonistas, no processo de construção e implementação do projeto político-pedagógico (PPP). Projeto este, concebido à luz das necessidades e intencionalidades da comunidade e cuja defesa passa, sobretudo, pela participação e controle social das famílias dos (as) estudantes e pelo poder de pressão que a comunidade possa exercer junto aos órgãos centrais da gestão pública, no sentido de fazer com que o Estado cumpra com as suas responsabilidades.”
A partir dessa tese construí o que chamei dos quatro pilares da ponte para a escola de todos (as), ou seja, de qualidade social, legitimada e respeitada. São eles: projeto, equipe, liderança e famílias. Sem projeto que mova a instituição e sem uma equipe coesa e obcecada para materializá-lo, fazê-lo vivo e dinâmico, a escola apenas vegeta. De igual modo, o projeto da escola requer liderança, o que enseja pessoas firmes, fortemente comprometidas com um ideal e que articulem a equipe e as famílias para materializá-lo. E, finalmente, requer famílias parceiras da escola, mobilizadas a fazerem o controle social, apontando o que há de positivo, mas também questionando possíveis desvios.
Fico a desejar que o jeito de resistir da Isabel Gondim seja inspirador para outras escolas que atravessam o mesmo problema. Do caos, é possível se construir grandes edifícios. O meu respeito e a minha torcida!
*Cláudia Santa Rosa – Educadora e Diretora Executiva do Instituto de Desenvolvimento da Educação – IDE ( educadora@claudiasantarosa.com).
sábado, 17 de maio de 2014
ESCOLAS FECHAM: NÃO SERIA A HORA DO TEMPO INTEGRAL
Por Cláudia Santa Rosa - Educadora e Diretora Executiva do Instituto de Desenvolvimento da Educação-IDE - educadora@claudiasantarosa.com
Leio nos blogs, portais e impressos que o Governo do Estado do Rio Grande do
Norte estuda encerrar as atividades, nos próximos meses, de 75 escolas com
menos de 100 alunos, somando-se às dezenas que já foram fechadas somente na
atual gestão. E não para por aí. A voz oficial, alerta: passarão pelo mesmo
processo aquelas com menos de 200 alunos. Na sequência, é possível que a
compreensão seja de que não se justifica uma unidade funcionar com 300, 400 ou
500 alunos. À luz dessa lógica, parece ser “the best” escolas com
superpopulações, impessoais e, consequentemente, com graves casos de violência
e rendimentos para se questionar mais tarde.
Neste espaço, desejo refletir sobre a oportunidade do Rio Grande do Norte
avançar na oferta de escolas de tempo integral, justamente pela redução da
matrícula. Ora, mais sensato do que fechar escolas é investir num projeto
educacional de excelência, de ampliação da jornada escolar dos alunos que
restaram, atraindo novos, até mesmo os que por ventura tenham buscado a
regularidade de funcionamento das escolas particulares, desembolsando duas
vezes pelo mesmo serviço: a Educação.
É inegável que o país avançou ao universalizar o acesso obrigatório ao ensino
fundamental e mais tarde pela emenda Constitucional 59 que estabelece a
matrícula compulsória na educação básica para o corte etário de 4 a 17 anos.
Porém, no tocante à qualidade apresenta-se manca, o que não custa lembrar que
tal cenário impacta, negativamente, nas possibilidades de promover justiça e
equidade, antídotos para diversas mazelas sociais.
Estatísticas não faltam. É comum crianças e jovens abandonarem a escola ainda
analfabetos ou semialfabetizados, seja por não encontrarem sentido nas
atividades, pelo funcionamento precário das mesmas ou pela necessidade de
ingresso no mercado de trabalho, na maioria dos casos pelas vias da
informalidade.
Convém indagarmos: quais seriam as repercussões nas vidas de crianças e jovens
– e na sociedade – se frequentassem escolas bem estruturadas e com jornadas
letivas diárias de sete ou oito horas? O Plano Nacional de Educação (PNE), em
tramitação no congresso nacional, define na sua meta 6, a ser cumprida até o
ano de 2024: “Oferecer Educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das
escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da
Educação Básica.” Como será que estados e municípios pretendem cumprir essa
meta se, no presente, não tomam atitudes coerentes?
Li que a histórica Escola Estadual Isabel Gondim, localizada no bairro das
Rocas, em Natal, resiste ao fechamento unilateral, anunciado nos últimos dias.
A comunidade apresentou uma proposta de tempo integral, coerente com o que define o PNE e o debate
educacional do momento, mas ainda não foi compreendida pelos burocratas. Aliás,
os burocratas não são pessoas mal intencionadas, apenas cumprem ordens de
superiores e olham a escola por um ângulo diferente dos profissionais que lá
estão todos os dias.
O RN precisa acordar. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, do
artigo 8º ao 11, trata do regime de colaboração entre a União, os Estados e
Municípios para a oferta da educação. Não visualizo, entretanto, movimento do
estado do RN, na linha do que dispõe o art. 10, inciso II: “definir, com os
Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais
devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo
com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada
uma dessas esferas do Poder Público”. Tampouco sobre o que diz o inciso III do
mesmo artigo: “elaborar e executar políticas e planos educacionais, em
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e
coordenando as suas ações e as dos seus Municípios”. Não se tem conhecimento de
que a gestão da educação estadual dialoga com as gestões municipais para
otimizarem os usos de prédios escolares, de terrenos para construções de
escolas, divisões de responsabilidades na oferta dos níveis de escolaridade,
parcerias para ampliar a jornada letiva das escolas, entre outros.
Fechar escolas parece ser mais fácil do que reinventá-las, ainda que seja com o
carimbo da falta de diálogo. É necessário atentarmos para um detalhe: a
população tem direito de opinar, afinal é ela quem paga a conta dos serviços e
da gestão pública. - See more at:
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