Escola Estadual Isabel Gondim, continue valente!
Por *Cláudia Santa Rosa
A semana passada, neste mesmo espaço, escrevi sobre o fechamento de dede do Norte. Defendi que permaneçam abertas e que sejam transformadas em escolas de tempo integral, até por uma questão de bom senso e pela oportunidade de ampliação da jornada letiva, uma das mais curtas do mundo.
A semana passada, neste mesmo espaço, escrevi sobre o fechamento de dede do Norte. Defendi que permaneçam abertas e que sejam transformadas em escolas de tempo integral, até por uma questão de bom senso e pela oportunidade de ampliação da jornada letiva, uma das mais curtas do mundo.
Naquele textinho, tomei por exemplo o caso da histórica Escola Estadual Isabel Gondim, localizada no bairro das Rocas, em Natal, que já havia sido comunicado, oficialmente, de que seria fechada. Conhecedora do movimento de resistência que já se formava no bairro, esperancei, como nos ensinou Paulo Freire. A força do coletivo poderia fazer a diferença. E fez! A Escola continua aberta, depois de uma audiência tensa, na segunda-feira, com a Secretária de Educação.
A Isabel Gondim levou à audiência um punhado de gente que chegou a lotar um ônibus. Alguns parlamentares se juntaram ao movimento. Levou artigos de apoio e, o principal: apresentou propostas para revitalizar a Escola. Mostrou força, organização e união. O Governo do Estado não teve como não acatar a vontade do coletivo. Um novo tempo por vir, uma nova equipe gestora e, certamente, uma porção de lições para todos.
Agora escrevo à Escola Estadual Isabel Gondim para fazer um pedido: continue valente, agigante-se diante dos desafios e se não conseguir verticalizar, seja, no mínimo, linear na tarefa de cumprir a função social de educar e instruir crianças e jovens, de forma decente.
Para além desse pedido, escrevo para compartilhar alguns dos aprendizados com o meu trabalho de doutoramento em educação que julgo poderão ser pertinentes à equipe da Isabel Gondim. Há seis anos defendi a seguinte tese: “a curto e médio prazo, a qualidade da escola pública não é tributária de políticas educacionais macros, tampouco de massificados e efêmeros programas, projetos ou política de governo, mas sim da decisão dos profissionais que nela trabalham de tornarem-se autores (as) e protagonistas, no processo de construção e implementação do projeto político-pedagógico (PPP). Projeto este, concebido à luz das necessidades e intencionalidades da comunidade e cuja defesa passa, sobretudo, pela participação e controle social das famílias dos (as) estudantes e pelo poder de pressão que a comunidade possa exercer junto aos órgãos centrais da gestão pública, no sentido de fazer com que o Estado cumpra com as suas responsabilidades.”
A partir dessa tese construí o que chamei dos quatro pilares da ponte para a escola de todos (as), ou seja, de qualidade social, legitimada e respeitada. São eles: projeto, equipe, liderança e famílias. Sem projeto que mova a instituição e sem uma equipe coesa e obcecada para materializá-lo, fazê-lo vivo e dinâmico, a escola apenas vegeta. De igual modo, o projeto da escola requer liderança, o que enseja pessoas firmes, fortemente comprometidas com um ideal e que articulem a equipe e as famílias para materializá-lo. E, finalmente, requer famílias parceiras da escola, mobilizadas a fazerem o controle social, apontando o que há de positivo, mas também questionando possíveis desvios.
Fico a desejar que o jeito de resistir da Isabel Gondim seja inspirador para outras escolas que atravessam o mesmo problema. Do caos, é possível se construir grandes edifícios. O meu respeito e a minha torcida!
*Cláudia Santa Rosa – Educadora e Diretora Executiva do Instituto de Desenvolvimento da Educação – IDE ( educadora@claudiasantarosa.com).
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